quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Comentários sobre Os Detetives Selvagens (Roberto Bolaño)


   Lançado em 2006, Os Detetives Selvagens é um romance polifônico dividido em três partes. Ao empreender uma busca pela poetisa Cesárea Tinajero, os protagonistas Arturo Belano e Ulisses Lima se envolvem em tramas e situações que conduzem a diversas reflexões sobre a condição humana, sociedade, política e literatura. Personagens das mais diversas características ganham voz, apresentando-se ao leitor ou apresentando outros personagens, inclusive os protagonistas.
   Cada personagem traz uma diversidade de dramas e pontos de vista que o leitor vai reconhecendo, compartilhando, negando. Muitas histórias que, aparentemente, não têm ligação com a trama principal, terminam por formar um complexo emaranhado de vestígios necessários para se obter um panorama das ideias poéticas, históricas e políticas presentes na obra. Quanto ao leitor, vai assim elaborando a sua própria visão da história e dos personagens.
   Embora o livro apresente dezenas de personagens e seus dramas, não podemos deixar de notar a maneira pela qual, em Bolaño, a literatura ganha espaço como um ser vivo, um personagem que se move e interage com os outros. Não apenas a intertextualidade, mas, principalmente a metalinguística são exploradas de maneira imprescindível para alavancar relevantes temas sociais e políticos, tais como a situação feminina e a ditadura.

   Contudo, podemos ressaltar outro questionamento, de alcance talvez menor em abrangência, mas não em importância, qual seja, a reflexão que a obra provoca a respeito do espaço ficcional, suas funções, suas intervenções e seus limites.

Obra: Os detetives selvagens
Autor: Roberto Bolaño (México)
Editora: Companhia das letras
Edição:2006
Páginas: 624

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