Lançado em 2006, Os Detetives
Selvagens é um romance polifônico dividido em três partes. Ao empreender uma
busca pela poetisa Cesárea Tinajero, os protagonistas Arturo Belano e Ulisses
Lima se envolvem em tramas e situações que conduzem a diversas reflexões sobre
a condição humana, sociedade, política e literatura. Personagens das mais
diversas características ganham voz, apresentando-se ao leitor ou apresentando
outros personagens, inclusive os protagonistas.
Cada personagem traz
uma diversidade de dramas e pontos de vista que o leitor vai reconhecendo,
compartilhando, negando. Muitas histórias que, aparentemente, não têm ligação
com a trama principal, terminam por formar um complexo emaranhado de vestígios
necessários para se obter um panorama das ideias poéticas, históricas e políticas
presentes na obra. Quanto ao leitor, vai assim elaborando a sua própria visão
da história e dos personagens.
Embora o livro
apresente dezenas de personagens e seus dramas, não podemos deixar de notar a
maneira pela qual, em Bolaño, a literatura ganha espaço como um ser vivo, um
personagem que se move e interage com os outros. Não apenas a
intertextualidade, mas, principalmente a metalinguística são exploradas de
maneira imprescindível para alavancar relevantes temas sociais e políticos, tais
como a situação feminina e a ditadura.
Contudo, podemos
ressaltar outro questionamento, de alcance talvez menor em abrangência, mas não
em importância, qual seja, a reflexão que a obra provoca a respeito do espaço
ficcional, suas funções, suas intervenções e seus limites.
Obra: Os detetives selvagens
Autor: Roberto Bolaño (México)
Editora: Companhia das letras
Edição:2006
Páginas: 624
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